‘Quando alguém não sai da nossa cabeça’: porque é que pensamos em certas pessoas a toda a hora

Foto: de fontes abertas

Pensamentos constantes sobre alguém nem sempre indicam uma forte simpatia

Porque é que não conseguimos parar de pensar em alguém? Está longe de ser sempre por causa do amor. Nos primeiros segundos, esse pensamento pode parecer agradável ou neutro, mas se a pessoa se tornar um hóspede permanente da sua mente – é já um sinal de alarme. E não se trata de romance, mas da psique e dos mecanismos cerebrais. A RBC-Ucrânia explica-nos por que razão pensamos constantemente em determinadas pessoas e o que isso nos diz.

Nem sempre sobre sentimentos

Pensar constantemente numa pessoa nem sempre indica uma forte afeição. O cérebro está simplesmente a tentar “fechar a gestalt” – uma situação que não compreendemos ou completámos.

Se uma pessoa desapareceu sem explicação, deixou uma reticência ou um rasto emocional, a consciência continua a “percorrê-lo”, tentando encontrar uma lógica.

Os psicólogos explicam que os nossos cérebros respondem mais a estímulos emocionais do que à lógica. Se alguém despoletou sentimentos fortes – curiosidade, aborrecimento, simpatia – o cérebro desencadeia uma “re-exibição”. É uma espécie de ciclo emocional. Como salienta a psicoterapeuta Elizabeth Lombardo, os pensamentos repetitivos são a forma de o cérebro lidar com o stress emocional ou a incerteza, não sendo necessariamente uma prova de sentimentos profundos.

Por vezes, pensamos numa pessoa porque a associamos a uma experiência forte: medo, gratidão, ressentimento ou admiração.

Uma determinada música, cheiro ou lugar desencadeia um “gatilho” – e o cérebro reproduz instantaneamente as memórias associadas. E não tem nada a ver com romance, mas com ligações neuronais.

Porque é que o cérebro se fixa numa pessoa

  • O efeito mistério. As pessoas sobre as quais não sabemos muito parecem muitas vezes mais interessantes. O cérebro quer “acabar” com elas e, por isso, repete a imagem vezes sem conta.
  • Vinculação psicológica. Se tiver um estilo de vinculação ansioso, está inconscientemente à procura de confirmação da importância da ligação.
  • Dopamina. Sim, a mesma “hormona da alegria”. Quando pensamos em alguém que admiramos, o cérebro recebe uma pequena dose de prazer. E como qualquer sistema de recompensa, ele procura a repetição.
  • Incompletude. Se a situação de uma pessoa não foi devidamente completada, se todas as palavras não foram ditas, se todas as acções não foram realizadas, o cérebro tenta encontrar respostas para questões dolorosas.

Quando se torna um problema

A simpatia normal transforma-se em obsessão quando se perde o controlo dos pensamentos. Se está constantemente a verificar as suas páginas nas redes sociais, não consegue concentrar-se no trabalho, adormece com um nome na cabeça – já não é romance, mas ruminação, ou seja, obsessão.

Não acontece apenas por causa do amor. Por vezes, pensar numa pessoa torna-se uma forma de escapar às nossas próprias emoções: solidão, medo, tédio. É como se a pessoa se tornasse um símbolo de algo maior – um sonho, um ideal ou uma pergunta sem resposta.

Como parar o ciclo interminável de pensamentos

Tome nota de quando um pensamento é despoletado. Normalmente, trata-se de situações específicas – música, um local, uma hora do dia.

Mantenha o seu cérebro ocupado

As actividades que exigem concentração ajudam-no a mudar de velocidade. Caminhada, desporto, criatividade – não são apenas conselhos, mas uma forma de mudar as ligações neurais.

Não lute contra os seus pensamentos – observe-os

No momento em que reconhece que se trata apenas de uma reação e não de uma profecia do destino, ele perde o seu poder.

Reduzir o “frenesim alimentar”

Não ver o perfil da pessoa, não reler as mensagens. Qualquer contacto reforça o ciclo.

Se os pensamentos forem debilitantes, fale com um conselheiro. A fixação excessiva pode ser uma manifestação de ansiedade ou de dependência emocional.

O paradoxo da mente

Curiosamente, quanto mais tentamos não pensar numa pessoa, mais nos concentramos nela. Os especialistas chamam a isto o “efeito urso polar” – em que tentar esquecer apenas intensifica o foco.

Por isso, o segredo não é “tirar” a pessoa da cabeça, mas sim perceber porque é que ela está lá.

Porque é que é importante compreender isto hoje

As redes sociais fazem com que nos lembremos de alguém a toda a hora. Os algoritmos introduzem fotografias, lembretes e mensagens. E o que antes passava em poucas semanas pode agora arrastar-se por meses.

Mas não é o destino, como muitas vezes nos convencemos, é apenas a bioquímica mais a tecnologia. Compreender isto ajuda-o a recuperar o controlo das suas emoções e a não confundir a dependência psicológica com o sentimento real.

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